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5 de Julio, 2019

10 anos de Cidadania Inteligente

Ana Carolina Lourenço, Fundación Ciudadanía Inteligente

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O mundo está mais volátil e incerto do que nunca. Tensões geopolíticas e o nacionalismo reacionário ganharam força. Novas tecnologias transformadoras colocaram em xeque ditames sobre o futuro da segurança, da governança e da economia. Apesar de cada vez mais evidências sobre os efeitos da ação humana no meio ambiente, as medidas necessárias para contê-los parecem cada vez mais distante. Como parte desta escalada global, a América Latina vive uma das suas décadas mais turbulentas.

Continuamente abalada por escândalos de corrupção, violência, crimes ambientais, acirramento das desigualdades e em meio a uma constante recessão econômica a América Latina assiste ao seu mais baixo índice de confiança na democracia. O populismo e o autoritarismo, nossos velhos conhecidos, ressurgem subsidiando ataques ao espaço cívico e as liberdades. Neste momento também testemunhamos um aumento inédito nos fluxos de refugiados e deslocamentos internos, com sinais de que ainda pode piorar.

Hoje o cenário é muito diferente de quando começamos. Desde 2009 a região viveu algumas de suas mais acirradas eleições presidenciais, do México ao Brasil os latino americanos estão cada vez mais polarizados. O futuro da segurança pública, dos direitos digitais, da violência urbana, do meio ambiente e da cooperação internacional esteve no centro dos últimos debates eleitorais - e em muitos casos a cidadania saiu perdendo.

Olhando em retrospectiva, apesar das dinâmicas desafiadoras tanto na esfera global quanto em contextos regionais e nacionais, a Fundação Cidadania Inteligente também presenciou avanços importantes em seus 10 anos. Contribuimos com a ampliação da cultura da transparência pública e da onda de denúncias dos crimes cometidos no âmbito do Estado. Há sinais de resistência cívica ao nacionalismo reacionário, especialmente por parte cidades e coalizões de ativistas. Os esforços em segurança cidadã em toda a América Latina continuam a ser robustos, a Colômbia pôs fim a seu conflito de 53 anos, embora ainda precise se empenhar para conquistar a paz.

É por isso que não podemos esmorecer. A Fundação Cidadania Inteligente está empenhada em colaborar para o fomento de debates e decisões relevantes para o futuro da democracia. Estamos convencidos de que o conhecimento sobre o mundo à nossa volta é imprescindível para lidar com questões complexas. E que desde a cidadania precisamos ajudar a moldar o futuro para torná-lo menos desafiador.

À vista disto, no ano em que a nossa organização comemora 10 anos estamos realizando COLECTIVA. Um encontro regional para trocar observações, conhecimentos e experiências para assim transformar a realidade vivemos na que queremos. Durante três dias aprofundaremos em quatro problemas de extrema urgência identificadas em nossa comunidade de ativistas e aliados.

Violência política
Crise climática
Acelerada desigualdade derivada da transformação digital
Cleptocracia como forma de governo.

Estes não ocorrem isolados um do outro, na verdade estão diretamente relacionados, abarcando a esfera pública e privada, nacional e transnacional. Tampouco são únicos de um país, povo ou região, mas sim se manifestam de formas específicas e impactam a diferentes grupos em cada região, comunidade e país. Poder discutir isto em conjunto nos permitirá encontrar pontos comuns de ação para evitar seu pioramento e sair disso para avançar uma agenda de direitos.

Na Fundação Cidadania Inteligente, sabemos que o futuro nunca foi garantido ou seguro. O pêndulo da história nunca foi ético ou justo. Narrativas antagônicas virão, algumas mais estridentes do que outras. Para prosperar nos novos tempos de incerteza, precisamos encarar nossos maiores dilemas de frente, conscientes de que conquistas históricas são resultado da ação colectiva de pessoas. A batalha de ideias promete ser intensa. A complacência não é uma opção.

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